
O presidente da ANAMOLA, Venâncio Mondlane, ironizou a postura do chefe de Estado, apelidando-o de “presidente da UIR”, e afirmou que os investimentos de 75 mil milhões de dólares anunciados são inexistentes.
Quarenta e oito horas após o informe anual à Nação apresentado por Daniel Chapo, as reações da oposição não tardaram. Durante a sua visita no distrito de Massinga, província de Inhambane, Venâncio Mondlane, líder da ANAMOLA, arrasou as projeções económicas do Presidente da República, classificando-as como um “exercício de ficção” que custou milhões aos cofres do Estado.
Despesas de viagem sob fogo cerrado
Mondlane destacou o contraste entre os gastos da presidência e os resultados obtidos. Segundo o político, Daniel Chapo realizou 27 viagens ao estrangeiro, com um custo aproximado de 7 milhões de dólares, sem que isso se traduzisse em capital real para o país.
“Ouvi o presidente anunciar o maior investimento para Moçambique de todos os tempos… 75 mil milhões de dólares. Mas vocês perceberam bem o que é isso? É um investimento que não existe. É uma promessa de investimento”, alertou Mondlane, enumerando países como Qatar, Itália, Portugal e EUA como autores de promessas que, no seu entender, não passarão do papel enquanto não houver estabilidade económica.
O impasse com o FMI e a repressão policial
Um dos pontos mais críticos do discurso foi a relação com o Fundo Monetário Internacional. Mondlane explicou que o FMI não assinou qualquer acordo com Moçambique devido a exigências não cumpridas pelo Governo, entre as quais:
• Transparência na Função Pública: A descoberta de milhares de “funcionários fantasma”, especialmente nas Forças de Defesa e Segurança.
• Política Cambial: A necessidade de uma taxa de câmbio regulada pelo mercado, contrariando a fixação atual do Banco de Moçambique.
O líder da ANAMOLA utilizou ainda o termo “presidente da UIR” (numa referência à Unidade de Intervenção Rápida) para criticar a forma como o Governo tem lidado com o descontentamento popular. Para Mondlane, as manifestações pós-eleitorais foram “legais e legítimas”, sendo que o verdadeiro crime foi a “repressão violenta” exercida pelas autoridades.
Folhas de salário “fantasma”
Mondlane foi mais longe ao denunciar a corrupção institucional, alegando que só no Exército foram detetados sete mil soldados inexistentes que continuam a constar na folha de pagamentos. Segundo o político, o Governo resiste a “limpar” estas listas porque a maioria destes nomes está ligada aos Serviços de Segurança e não a setores como a educação.
Fonte MOZNEWS