
José Machatine critica a incapacidade do sector de saúde em responder a problemas causados pela contaminação da água e pela exploração mineira.
O médico José Machatine alertou para a gravidade da situação de saúde pública relacionada com a contaminação da água em várias regiões do país, afirmando que a sociedade está “a brincar com coisas sérias”. Segundo o profissional de saúde, há uma visível incapacidade do sector em lidar com os riscos que a exploração mineira e a poluição da água representam para a população.
“Como sociedade, estamos a brincar com coisas sérias. São muitos os questionamentos que surgem diante dos factos apresentados. Mesmo que não tivéssemos resultados de estudos, os dados no terreno tornam evidente o que está a acontecer”, declarou Machatine.
O médico mostrou-se preocupado com a falta de recursos e meios para a fiscalização ambiental, destacando que, sem instrumentos adequados, o país não conseguirá prevenir novas crises de saúde pública. “Temos falta de meios para fiscalizar e prevenir o que está a acontecer. Teremos meios para responder ao que vem a seguir?”, questionou.
Machatine sublinhou ainda que a situação é agravada pela desatualização dos instrumentos legais e pela fraca coordenação institucional. “Há leis com mais de 30 anos que precisam de atualização. Será que estamos preparados para enfrentar os problemas de saúde pública que esta situação pode trazer?”, alertou.
O médico chamou a atenção para o perigo de contaminação da água nas cidades de Chimoio, Manica, Gondola, Messica e Bandula, que consomem água proveniente da albufeira de Chicamba Real. Segundo ele, análises recentes indicam a presença de mercúrio, substância tóxica resultante da mineração artesanal, que pode reagir com o cloro usado no tratamento da água e formar compostos altamente nocivos.
“Se não houver intervenção urgente, corremos o risco de consumir água contaminada. As autoridades estão a acompanhar esta situação?”, questionou, defendendo a suspensão temporária da atividade mineira até que se encontre uma solução definitiva.
Fonte Diário de Moçambique