
Um incêndio de origem ainda não esclarecida consumiu, recentemente, uma esquadra móvel da Polícia Nacional, localizada no bairro Santo António, no Bita, em Luanda, provocando a morte do agente Antônio da Costa Lopes, de 30 anos, residente no Zango 2, município do Icolo e Bengo.
Segundo informações apuradas, na noite do incidente o efetivo encontrava-se em serviço com apenas um colega. Durante a troca de ronda, António decidiu descansar por alguns minutos, prática que já vinha acontecendo entre ambos. Horas depois, enquanto dormia, foi surpreendido pelas chamas que rapidamente tomaram conta do contentor onde funcionava a esquadra móvel.
O agente acordou já em meio ao fogo e tentou, em desespero, salvar-se. Conseguiu alcançar a saída, mas com o corpo gravemente queimado. Do lado de fora, ainda pediu ajuda ao colega para apagar as chamas que o consumiam, mas, segundo relatos da própria vítima antes de falecer, não obteve socorro imediato.
Apenas um popular que passava pelo local lançou água sobre o seu corpo, conseguindo conter parcialmente o fogo.
Devido à gravidade dos ferimentos, António foi encaminhado para o Hospital Neves Bendinha, onde permaneceu internado quase uma semana. Nos primeiros dias apresentou sinais de recuperação, o que trouxe esperança à família. Contudo, o seu estado clínico agravou-se e, no dia 1 de setembro, não resistiu aos ferimentos.
Família exige respostas
A morte do agente levantou muitas dúvidas. Inicialmente, a versão oficial apontava para um incêndio causado por um fogareiro (“dragão”), hipótese desmentida pela própria vítima, que afirmou não haver qualquer aparelho aceso no local. Posteriormente, surgiu a versão de curto-circuito, mas até agora não foi apresentada uma conclusão definitiva sobre a origem do fogo.
A família, revoltada com a falta de esclarecimentos, exige que as autoridades competentes investiguem o caso com rigor. “Como pode não haver provas, se o incêndio aconteceu dentro de uma esquadra, durante o serviço, e custou a vida de um agente que cumpria o seu dever?”, questiona um dos familiares.
António da Costa Lopes deixa viúva e três filhos, um deles com problemas de saúde graves. Entre dor e indignação, os familiares apelam à justiça e à sociedade angolana para que a morte do agente não caia no esquecimento.
> “Hoje foi ele, amanhã pode ser qualquer outro. A vida do meu irmão não pode ser apagada sem que se faça justiça”, concluiu a família.
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