No recente Fórum da Liberdade em Oslo, na Noruega, o político moçambicano Venâncio Mondlane protagonizou um dos momentos mais marcantes do evento.
Em meio a uma plateia predominantemente a lingua Inglesa e outras, Mondlane optou por discursar em português, vejo essa c9mo uma escolha que transcendeu o idioma: foi um ato de resistência cultural, autenticidade e representatividade
Num mundo onde muitos líderes africanos, ao se apresentarem em palcos internacionais, buscam adaptar-se ao idioma ou ao estilo ocidental, Mondlane escolheu fazer diferente. E isso não passou despercebido. Seu discurso, carregado de emoção, denúncia e esperança, arrebatou corações e deixou uma forte impressão entre os defensores dos direitos humanos presentes no evento.
Venâncio começou relatando sua trajetória dentro da FRELIMO, e o que o levou a romper ou sair do sistema. Revelou as frustrações e desilusões vividas por dentro, mas também mostrou que sua saída não foi uma fuga, e sim um posicionamento político claro contra os desvios de valores que testemunhou. Em seu discurso, denunciou abertamente assassinatos de civis em períodos eleitorais, a repressão à liberdade de expressão e os mecanismos de controlo político que corroem a democracia moçambicana.
#SOBRE_Cabo_Delgado
Um dos pontos mais fortes do discurso foi a abordagem sobre a província de Cabo Delgado. Mondlane descreveu o paradoxo cruel de uma região rica em recursos naturais — gás, rubis, petróleo — mas que vive mergulhada na pobreza, violência e abandono. Para ele, esse contraste evidencia o fracasso do atual modelo de governação, onde as riquezas nacionais são exploradas sem beneficiar o povo local.
Ao pedir à comunidade internacional que coloque os olhos sobre Moçambique , Mondlane fez um apelo urgente: que os direitos humanos, a democracia e a liberdade de expressão sejam respeitados. Ele lembrou que o silêncio diante da injustiça é também uma forma de cumplicidade.
#Partido_ANAMALALA
Outro momento simbólico do discurso foi a apresentação do seu projeto político: o partido Anamalala. Segundo ele, trata-se do único projeto com voz ativa que ainda ousa enfrentar o “regime” dentro de Moçambique. Numa época em que muitas figuras da oposição se rendem à pressão ou se afastam da política, Anamalala se propõe como um espaço de resistência, transparência e reconstrução do Estado.
Mais do que um partido político, Mondlane apresentou Anamalala como um movimento social, com raízes na cidadania e na ética pública. A proposta é romper com o ciclo vicioso de corrupção, clientelismo e impunidade que tem marcado a política moçambicana nas últimas décadas.
O discurso de Venâncio Mondlane em Oslo foi mais do que uma intervenção política: foi um grito de alma. Foi a voz de milhões de moçambicanos que se sentem esquecidos, traídos ou silenciados. Num momento em que muitos políticos se escondem atrás de retórica vazia, Mondlane preferiu mostrar suas cicatrizes, falar de suas dores e expor a dura realidade do país.
Seu gesto de falar em português foi um lembrete: a verdadeira liderança não precisa se esconder atrás de formalismos ou da validação ocidental. Precisa, sim, de coragem, verdade e conexão com o povo.
E nesse dia, em Oslo, foi exatamente isso que Mondlane entregou — e por isso emocionou. ❤❤❤❤🤝🏻