ORDENS SUPERIOR LEVA DOS FUNCIONÁRIOS A PRISÃO NA ZAMBEZIA

 


O escândalo do desvio de alimentos terapêuticos na Zambézia

Em mais um episódio que revela as feridas abertas da gestão de recursos humanitários em Moçambique, dois oficiais de uma ONG foram detidos recentemente na província da Zambézia, sob suspeita de envolvimento no desvio de cerca de 2.000 caixas de "Paenut" pronunciado várias vezes por PAPINAQUE, PAPINALTE, eu  não disse 2mil Paenut, e sim, 2mil caixas

 Este é  um alimento terapêutico essencial utilizado no combate à desnutrição em comunidades vulneráveis. Segundo relatos das autoridades, durante os interrogatórios os oficiais alegaram estar apenas a cumprir ordens superiores, numa tentativa clara de se desresponsabilizar, mas que levanta questões ainda mais profundas e alarmantes.

O "Paenut" não é um bem qualquer. Trata-se de uma mistura nutricional de alto valor, composta por pasta de amendoim enriquecida com vitaminas e minerais, amplamente usada no tratamento da desnutrição aguda severa, especialmente entre crianças. O seu desvio representa mais do que um simples ato de corrupção: é uma sentença de morte silenciosa para centenas, talvez milhares, de crianças cujas vidas dependem diretamente deste tipo de intervenção alimentar.

O escândalo, por si só, já seria gravíssimo. Mas o facto de os detidos alegarem agir sob ordens superiores aponta para uma possível rede organizada de corrupção dentro da própria estrutura da ONG – uma organização que, em teoria, existe para proteger os mais vulneráveis. Isso agrava ainda mais a situação, pois revela que o problema não está apenas na base, mas pode estar entranhado no topo da cadeia de comando.

Este caso expõe as fragilidades dos mecanismos de fiscalização e transparência no setor humanitário em Moçambique. Durante anos, ONGs internacionais e locais operam em áreas de crise com orçamentos vultuosos e poucos mecanismos eficazes de controlo. A confiança da população e dos financiadores internacionais é sustentada por uma imagem de altruísmo e eficiência, que, como se vê, pode ser ilusória.

Mais do que nunca, torna-se urgente repensar o modelo de atuação dessas organizações e a atuação do Estado como fiscalizador. Não basta prender os "bodes expiatórios" enquanto os verdadeiros mentores continuam impunes nos escritórios climatizados das capitais. É preciso uma investigação séria, independente e transparente que vá até às últimas consequências.

Não se trata apenas de corrigir erros administrativos, mas de salvar vidas. Cada caixa de "Paenut" desviada pode representar uma criança a mais a morrer de desnutrição. O povo da Zambézia – e de todas as províncias marginalizadas de Moçambique – merece mais do que promessas e paliativos. Merece justiça, dignidade e o direito à vida.

A luta contra a corrupção não pode ser seletiva nem simbólica. Que este caso seja um ponto de viragem e não apenas mais um escândalo esquecido nas manchetes de ontem.

Fonte 

POR: HORA DA VERDADE

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