Nacala-Porto, Nampula – Em meio a uma crise educacional que obriga centenas de crianças a estudar no chão e ao relento, a cidade de Nacala-Porto se vê envolta em uma controvérsia que vem gerando indignação e debate na sociedade moçambicana.
A empresa Sogitel Limitada anunciou a adjudicação de 44 milhões de meticais para a construção de unidades caninas, um investimento que, segundo críticos, poderia ser redirecionado para a melhoria das condições educacionais no país.
Com o custo de uma sala de aula estimado em cerca de 2 mil dólares (aproximadamente 640 mil meticais), o montante investido pela Sogitel seria suficiente para construir 68 salas de aula, o que poderia beneficiar cerca de 2.500 alunos que atualmente enfrentam condições desumanas de aprendizado.
A repercussão do anúncio não tardou a surgir, gerando debates acalorados nas redes sociais e nos meios de comunicação.
A TV Sucesso entrevistou analistas que expressaram preocupações sobre a prioridade do investimento.
O analista Abel das Naves apontou que os cães treinados para segurança podem, na verdade, gerar mais medo do que segurança para a população, especialmente em momentos de manifestações.
Por sua vez, o advogado Víctor Fonseca criticou duramente a decisão, afirmando que houve uma clara violação do bem-estar do povo. Ele sugeriu que os recursos deveriam ser alocados para a melhoria da Estrada Nacional Número 1, a fim de facilitar a circulação de produtos e promover o desenvolvimento econômico da região.
A situação levanta questões sobre as prioridades do governo e das empresas em um momento em que a educação e as condições de vida da população são cada vez mais precárias.
Enquanto os cães são tratados com luxos, milhares de crianças continuam a enfrentar a dura realidade de um sistema educacional que carece de investimentos urgentes e significativos. Clique aqui