Venâncio Mondlane denuncia impunidade e acusa “esquadrões da morte” por duplo homicídio em Maputo

Maputo, 15 de outubro de 2025 (Lusa) — O político moçambicano e ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane afirmou não acreditar que haverá justiça para o duplo homicídio de Elvino Dias e Paulo Guambe, seus apoiantes assassinados em outubro de 2024, em Maputo. Mondlane responsabiliza os chamados “esquadrões da morte” e acusa o regime atual de bloquear deliberadamente as investigações.

“Com o regime e o sistema judiciário atuais, será muito difícil termos Justiça. É por isso que temos de fazer pressão. Estou já a lançar a ideia de um protesto nacional relativamente a estes crimes não esclarecidos”, declarou em entrevista à agência Lusa.

O caso remonta a 18 de outubro de 2024, quando Elvino Dias, conhecido como o “advogado do povo”, e Paulo Guambe foram mortos a tiro no centro da capital. Segundo Mondlane, a emboscada foi “um trabalho encomendado”, com o mesmo modus operandi de outros assassinatos políticos registados no país.

Apesar da existência de câmaras de vigilância nas imediações do crime, o político afirma que as imagens nunca foram utilizadas na investigação, denunciando um “bloqueio institucional à verdade”.

“É um trabalho encomendado por aqueles que gerem e promovem os esquadrões da morte”, acusou Mondlane, que defende a realização de um “dia de reflexão nacional” a 19 de outubro, em memória das vítimas da violência política.

O duplo homicídio desencadeou uma onda de protestos pós-eleitorais que se prolongaram por mais de cinco meses, resultando em centenas de mortos e feridos. De acordo com a plataforma cívica Decide, 388 pessoas foram mortas e mais de 800 ficaram feridas, em grande parte por disparos com balas reais.

Nas eleições gerais de 9 de outubro de 2024, o Conselho Constitucional declarou Daniel Chapo vencedor, com 65,17% dos votos, seguido por Mondlane, com 24%. O opositor nunca reconheceu os resultados.

Desde março de 2025, após um encontro entre ambos os líderes, não se registaram novos episódios de violência política no país.

📸 Reportagem Lusa: Texto de Paulo Julião, vídeo de Fernando Cumaiô e fotos de Luísa Nhantumbo.

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