Retorno ao poder: Peter Mutharika toma posse como presidente do Malawi

Milhares de cidadãos malawianos alinharam-se nas ruas ao redor do Estádio Kamuzu Banda para saudar o recém-empossado presidente, Arthur Peter Mutharika, após sua cerimônia de investidura neste sábado (04). O momento histórico marca o retorno de Mutharika, de 85 anos, à liderança do país, após uma vitória eleitoral decisiva nas eleições de 16 de setembro que removeu do poder o antecessor, Lazarus Chakwera.

A atmosfera de celebração entre os malawianos foi mais do que uma simples festa; foi uma expressão de esperança por mudanças após um período de severas dificuldades econômicas. O discurso de Mutharika, que equilibrou promessas de melhorias com um apelo por uma transformação de mentalidade, ressoou profundamente entre uma população ansiosa por um novo rumo.

Peter Mutharika, do partido Democrático Progressista (DPP), conquistou 56.8% dos votos na eleição presidencial de 16 de setembro, derrotando o presidente em exercício, Lazarus Chakwera, que obteve 33% dos votos. Esta é a quarta disputa eleitoral entre os dois, com Mutharika agora tendo vencido três desses pleitos.

A esmagadora vitória é amplamente vista como um voto de protesto contra a gestão econômica de Chakwera. Durante seu mandato (2020-2025), o Malawi enfrentou uma crise econômica profunda, com inflação acima de 20% por mais de três anos, escassez crônica de combustível, medicamentos e alimentos, e constantes cortes de energia. Quase três quartos da população vivem abaixo da linha da pobreza.

Chakwera aceitou a derrota de forma graciosa, concedendo publicamente a vitória a Mutharika horas antes do anúncio oficial dos resultados e comprometendo-se com uma transição de poder pacífica. Sua presença na cerimônia de posse, juntamente com a de seu vice, Michael Usi, foi considerada um gesto histórico de maturidade democrática.

Cidadãos eufóricos encheram as ruas ao redor do Estádio Kamuzu Banda em Blantyre, aguardando a passagem do comboio presidencial para saudar o novo líder. Cenas de júbilo, com apoiadores cantando "Professor is back" ("O professor está de volta"), foram registradas, refletindo um sentimento generalizado de expectativa por mudanças.

A cerimônia contou com a presença de vários líderes regionais, incluindo o presidente moçambicano, Daniel Chapo, que participou do evento para reforçar os "laços históricos de amizade" entre os dois países vizinhos. Os presidentes do Botsuana, Tanzânia, Essuatíni e Zâmbia também estiveram presentes.

O presidente cessante, Lazarus Chakwera, não apenas compareceu à posse, como liderou a equipe técnica responsável por toda a organização do evento e garantiu a transição dos símbolos do poder. Ele descreveu sua derrota como um "reflexo da vontade coletiva dos malawianos" que deve ser respeitada.

Em seu discurso, Peter Mutharika estabeleceu as prioridades de seu governo e fez um apelo fundamental à população. Mutharika foi enfático ao declarar que foi eleito pelos malawianos para servi-los, e não para enriquecer. Ele emitiu um forte aviso contra aqueles que poderiam ver a vitória de seu partido como uma oportunidade para benefício pessoal, prometendo responsabilizar quem agir dessa forma.

O presidente comprometeu-se a estabilizar a economia, combater a inflação (que atualmente ronda os 35%) e abordar a crítica escassez de moeda estrangeira. Durante seu primeiro mandato (2014-2020), ele foi creditado por baixar a inflação e melhorar a infraestrutura pública, como estradas.

Talvez a mensagem mais significativa de Mutharika tenha sido seu apelo para que os malawianos “mudem sua mentalidade”. Ele enfatizou que a recuperação do país só será possível se os cidadãos adotarem uma nova postura, sugerindo que o progresso nacional depende não apenas de políticas governamentais, mas também de uma evolução cultural e atitudinal.

Apesar do clima de celebração, os desafios que o novo governo enfrenta são monumentais. Alguns desafios para Muthatika: 

• Crise econômica inflação superior a 35%, escassez de moeda estrangeira, crescimento mais lento que o crescimento populacional.

• Dependência de ajuda externa cortes na ajuda internacional, que chegaram a reduzir 1% do PIB do país.

• Desastres climáticos secas regionais e ciclones devastadores (como o Ciclone Freddy em 2023) destruindo colheitas e agravando a insegurança alimentar.

• Pobreza estrutural quase 75% da população vive abaixo da linha de pobreza; cerca de metade sofre de desnutrição.


Por Índico Magazine 

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