
Depois da grande reportagem sobre a falta de água na localidade de Maqueze, no distrito de Chibuto, província de Gaza, o Jornal Principal (JP) apresentou ontem mais uma peça de cortar o coração, gravada na mesma localidade pelo jornalista Coutinho Macanandze e o operador de câmara António Bahule, a reportagem retrata a pobreza extrema visível a olho nu.
Se, nas província de Cabo Delgado, Maputo, Zambézia os insurgentes são os principais responsáveis pelas mortes, através de armas para silenciar vidas inocentes, acidentes de viação e baleamentos, em Maqueze, no sul de Moçambique, província de Gaza, o que mata é a fome. Com uma população estimada em 16 mil habitantes, muitas famílias sobrevivem com apenas 20 meticais por dia.
As autoridades locais reconhecem a gravidade da situação. O governo distrital admite que a população enfrenta fome severa, que não há condições para três refeições por dia e que “come-se apenas quando é possível”.
Dos 16 mil habitantes, cerca de seis mil pessoas vivem em situação de insegurança alimentar grave. Segundo os residentes, só se come “como deve ser” quando “Deus faz o milagre da chuva”, mas há muito tempo que tais milagres não acontecem em Maqueze. A seca prolongada compromete a produção agrícola e a criação de gado.
Quem possui animais vê-se forçado a vendê-los, muitas vezes por valores baixos, já que os próprios animais estão debilitados devido à falta de pasto.
A TV Sucesso conversou com Maria Tivane, uma idosa viúva e cega, que vive em condições extremamente precárias. A anciã contou que deixou de receber a pensão de velhice e que sobrevive apenas com a ajuda de vizinhos e “pela graça de Deus”. O seu único filho emigrou para a África do Sul e, desde então, nunca mais enviou qualquer apoio.
Na mesma localidade, isto na família Mucuvele, a fome é “o pão de cada dia”, um pão que, ironicamente, não se pode comer. Há dias em que os mais velhos dormem sem comer e as crianças só têm papas para enganar o estômago. A falta de chuva agravou a situação, e a pouca água disponível é salgada e imprópria para o consumo.
De acordo com dados recolhidos pela TV Sucesso, uma lata de 25 litros de milho custa cerca de 550 meticais, um preço incomportável para quem vive com 20 meticais por dia. Sem fontes de rendimento alternativas, a agricultura continua a ser a única esperança, mas sem chuva, nem isso é possível.
Perante a esta situação de pobreza extrema, a população de Maqueze pede ajuda urgente ao governo, sobretudo em alimentos, enquanto teme pelo futuro incerto. “Nem sabemos se vai chover”, lamentam os moradores. Entretanto, os animais continuam a morrer de fome e sede.
Importa lembrar que, a Província de Gaza, em algumas zonas, como Chokwé e Xai-Xai, possuem elevado potencial agrícola, com solo fértil e clima propício, exemplo disso é o plantio de arroz no regadio de Limpopo, vendido localmente e um pouco em Maputo e inhambane, onde se usa máquinas melhoradas, sementes melhoradas.
Reportagem: Coutinho Macanandze
Imagens: António Bahule
Edição: Bernardo Santos
Texto para Redes Sociais: Elves Abel Mucachua
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