Todas as noites, ou mesmo a partir das 19 horas, instala-se um clima de medo, tanto nas cidades como nas zonas rurais. Tornou-se quase “normal” ouvir relatos de crianças, adolescentes ou mulheres vítimas de agressões, seguidas de violações.
A TV Sucesso esteve recentemente na cidade da Beira, província de Sofala, no centro do país, para ouvir famílias que perderam as suas filhas em circunstâncias trágicas.
Uma mãe contou que a filha foi assassinada depois de ter sido violada. Em lágrimas, recordou os momentos vividos com a jovem, no bairro Mascarenhas, onde o corpo foi encontrado em estado crítico, com ossos partidos.
O pai da vítima clama por justiça e acredita que o crime não foi cometido por apenas uma pessoa. Enquanto aguardam pela justiça, a vida destas famílias ficou mergulhada num vazio. Durante o jantar, a mãe chega a colocar um prato a mais na mesa, esquecendo-se que a filha já não está presente, sendo os irmãos da vítima a lembrar-lhe essa dura realidade.
No bairro Estoril, outra jovem foi morta e o corpo atirado para dentro de uma vala de drenagem. O principal suspeito é o namorado, já que existiam sinais de violência na relação. A mãe da vítima agradeceu ao Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) pelo trabalho realizado, pois o suspeito encontra-se detido.
Já no bairro Chipangara, uma estudante vinda da província do Niassa foi assassinada. O namorado, com quem vivia numa casa arrendada, é apontado como o principal suspeito. Inicialmente pensava-se tratar-se de suicídio, mas a autópsia levantou sérias dúvidas. O acusado foi detido, mas acabou libertado por falta de provas.
Nos últimos seis meses, 16 mulheres foram mortas na Beira. O edil da cidade, Albano Carige, considera a situação preocupante e afirma não compreender o que leva homens a cometerem crimes desta natureza.
A Polícia da República de Moçambique (PRM) reconhece estar a enfrentar sérias dificuldades, uma vez que muitos destes crimes ocorrem em locais fechados.
Reportagem: Julião Job
Imagem: César Mariquel
Edição: Bernardo Nhangale
Texto para Redes Sociais: Elves Abel Mucachua
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