
A Associação dos Taxistas da Cidade de Maputo (Ataxima) soou o alarme sobre a crise que o setor de táxi convencional está a enfrentar na capital moçambicana.
Segundo os taxistas, a proliferação de aplicativos de transporte, está a levar a atividade ao seu "funeral", com a perda de centenas de empregos e uma queda vertiginosa no número de veículos em operação.
A crise, que já era sentida há algum tempo, atingiu um ponto crítico. Anítal Fernando, um taxista com 30 anos de experiência, disse "teremos que organizar um funeral com alguma decência e enterrar essa questão de táxi".
Ele e outros motoristas reclamam que os preços praticados pelos aplicativos de transporte são tão baixos que se tornaram insustentáveis para o setor tradicional, que enfrenta custos mais elevados.
Desaparecimento de praças e veículos
A Ataxima confirmou o declínio do setor com números preocupantes. De acordo com Lucílio Banze, porta-voz da associação, Maputo já teve cerca de 2.000 táxis e 125 praças, mas atualmente o número de veículos em circulação não chega a 500, e mais da metade das praças foram desativadas.
Os taxistas argumentam que a principal razão para esta situação é a desigualdade de custos e regulamentação. Enquanto os táxis convencionais precisam de pagar impostos específicos, seguros especiais e licenças anuais (que podem custar cerca de 2.000 meticais, os motoristas de aplicativos operam com veículos de uso pessoal e não estão sujeitos às mesmas obrigações.
Esta concorrência desleal, segundo a Ataxima, tem sido fatal para o seu negócio.
Apelo por regulamentação e igualdade de condições
Diante do cenário, a Ataxima está a trabalhar para que as autoridades municipais revisem os regulamentos, exigindo que os aplicativos de transporte sejam submetidos às mesmas leis fiscais e regulamentares que os táxis tradicionais.
Arlindo Lopes, outro taxista de Maputo, enfatizou a necessidade de tratamento igualitário, afirmando que "é injusto, uma parte é favorecida e a outra parte não é levada em consideração".
Apesar dos desafios, alguns clientes, como Sara Khan, ainda optam por táxis convencionais por considerá-los mais seguros.
No entanto, a preferência por preços mais baixos tem levado muitos passageiros a migrar para os aplicativos, o que pode levar o tradicional serviço de táxi de Maputo ao seu fim.