
Um agente da Polícia da República de Moçambique (PRM) encontra-se detido em Maracuene, província de Maputo, acusado de abusar sexualmente da própria filha durante vários anos. A denúncia foi formalizada depois de a vítima, actualmente com 21 anos, apresentar provas.
De acordo com o testemunho da vítima, os comportamentos abusivos começaram quando tinha 16 anos. A jovem afirma que, ao longo desses anos, foi alvo de constantes ameaças por parte do pai, o que a obrigou a viver em silêncio. Na primeira ninguém acreditava no que dizia, daí que foi obrigada a fazer um vídeo para usar como prova. No vídeo é possível ver o pai sem camisa entrando no quarto, tocando a filha em um contacto íntimo.
A vítima relatou que, num dos episódios, chegou a engravidar. No entanto, afirmou que foi forçada a interromper a gestação contra a sua vontade, sendo obrigada a inventar uma versão diferente para proteger a imagem do pai. “Ele obrigou-me a mentir, dizendo que a gravidez era de outra pessoa. Levou-me à força para uma clínica e disse que, se não obedecesse, a minha vida estaria em risco. Por medo, acabei por ceder”, contou.
Este episódio marcou profundamente a jovem, que disse ter perdido, desde então, a esperança e a autoestima, permanecendo anos em sofrimento silencioso.
A jovem contou que cresceu afastada da mãe biológica, tendo sido entregue aos cuidados do pai e da madrasta ainda bebê. Essa distância, segundo ela, impossibilitou que encontrasse apoio familiar.
“Eu não conhecia a minha mãe. Só mais recentemente tive contacto com ela, mas não havia intimidade para partilhar aquilo que estava a acontecer”, explicou.
Depois de anos em silêncio, a vítima conseguiu finalmente partilhar a sua história graças ao apoio da igreja que frequenta. Foi nesse espaço que encontrou acolhimento, compreensão e incentivo para denunciar o caso.
“A minha coragem foi pelo amor e pelo abraço que recebi dos meus pastores. Eles insistiram muito para que eu contasse. Não foi fácil, mas graças ao apoio deles consegui falar. Eu sentia-me sem valor e muito mal comigo mesma”, desabafou.
Apesar de estar detido, o agente indiciado não terá cessado as intimidações. De acordo com relatos da vítima e de pessoas próximas, ele tem feito ligações telefónicas a partir do local de detenção, lançando ameaças contra a filha e contra quem colaborou na denúncia.
O acusado alega que a sua prisão é resultado de vingança e garante que em breve será libertado. Estas declarações aumentam as preocupações quanto à segurança da jovem, que teme represálias.
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POR: HORA DA VERDADE