
Famílias no distrito de Mecanhlelas, província do Niassa, estão a recorrer ao consumo de capim para sobreviver à fome extrema que assola a região.
A denúncia foi feita pela irmã Ermelinda Emílio Singua, superior das Irmãs da Imaculada Conceição, que alerta para o agravamento da crise alimentar naquele ponto do país.
Segundo a religiosa, há pessoas que passam até duas semanas sem qualquer refeição. “Este ano, a população teve de apanhar capim, um capim que parece trigo, esmagá-lo e cozinhá-lo em pedras para conseguir comer alguma coisa. Isto é o extremo da pobreza”, relatou, em entrevista à Fundação AIS (Ajuda à Igreja que Sofre).
De acordo com a irmã Ermelinda, a situação tende a piorar nos meses de Outubro e Novembro, altura em que as comunidades enfrentam o pico da fome aliado à seca severa. “Quem não tem milho, não tem comida”, disse, sublinhando que as chuvas na região tornaram-se cada vez mais irregulares, comprometendo a produção agrícola.
Além da fome, a religiosa alertou para outras ameaças enfrentadas pela população, com destaque para os casamentos prematuros e forçados entre meninas adolescentes. Estes são frequentemente motivados pela pobreza extrema e pela tentativa das famílias de aliviar encargos económicos.
A congregação das Irmãs da Imaculada Conceição, em colaboração com a Fundação AIS, tem vindo a desenvolver acções de apoio às comunidades mais vulneráveis, com especial atenção à educação e protecção das raparigas.
Fonte (Jornal Rigor)